O Auto da Utopia

Dramaturgia (Ponto de vista poético)
🎬

À’venida fria e vazia, 
Corpo ia.
Alma esvaia.
Outra lá, todavia,
Sob o viaduto, dormia.
Perpendicular via.
Ecoavam seus passos, sozinha.
Calado via tudo o cálido dia.

(Calado viaduto num cálido dia)

À’venida sombria,
Corpo guia.
Alma’trofia.
Lá, súbita fol(h)ia,
Sob o viaduto, anuncia:
Vai ventar a ventania.
Assoviando “passagem é minha!”
Fez palco e, do viaduto, coxia.

À’venida Real distopia,
Corparalisia.
Almagia.
Espetáculo! Maestria!
Sob o viaduto, exibiatraia.
Heros? Ágape? Filéo? Epifânia!
Ele, o rei! Ela, a rainha!
Em cena: “O Auto da Utopia.”

À’venida alegoria,
Corpo urgia.
Alma orgia.
Deus na língua da ironia,
Sob o viaduto, trapos vestia.
Pés descalços, pele sépia fotografia.
Afiada espada sem bainha.
Pobres humanos, divina ousadia!

À’venida alforria,
CorPoesia.
Almascendia.
Carruagem-carrinho de mercadoria,
Sob o viaduto, nobre rapaz conduzia,
El'asciva c'o fruto da sabedoria.
Profano enigma, sagrada adivinha.
Riam como deuses, sem liturgia.

À’venida paradoxia,
CorpOlaria.
Alma elegia.
O espetáculo da corte(s)ia,
Sob o viaduto, sem fim, findaria.
Na voz de Kairós, a profecia:
O Amor são tortas linhas!
Pelo Chronos duto, Odissei-se-ia.

A perfeita física fotografia 
📸

Encontrada no Google no Flikrs
Por Mateus Waechter
Viaduto da Silva Só com Protásio Alves, Porto Alegre

Dedicatória 
🖋️

Escrevo para as almas leves levadas por passos que ecoam melancólicos nas estradas, avenidas, ruelas. O que mais o corpo pode fazer por elas? Que ato será tão empático quanto o caminhar? Talvez ler - alguém dirá. E ler o mundo ao seu redor é menos rico do que ler as páginas de um livro? Se palavras escritas dão asas às nossas almas, saibam que caminhar é um ato de voar, é ler os símbolos e signos, os significados, do alto do corpo o olhar experimentando, o não envolver-se, somente o expectar, observar, absorver, sublimar. 
O corpo apaixonado por sua alma a leva pra passear. 

A história
👁️‍🗨️

Caminhava de volta pra casa, por uma larga avenida de Porto Alegre, Avenida Goethe, bem cedo, num desses domingos de fim de inverno em que a cidade parece abandonada, uma cidade fantasma. Ouvia meus passos vibrando eco entre os prédios, enquanto me aproximava do Viaduto da Silva Só, para subir a Protásio Alves em direção ao Bairro Alto Petrópolis. Nem carros disputando espaço, nem pessoas com seus cãezinhos, nem sirenes anunciando tragédias, eu inteira e mais ninguém. Andava com o olhar perdido na direção do nada, pensamentos vagos, pouco pensava. Lá na frente, o vão do viaduto sobre o caminho de volta.
Foi de repente, uma só cena, rápida e curta, era o inusitado, tremi, parei meus pés e, impactada, ampliei a visão. Contemplei, então, em câmera lenta, do início ao fim, fotografei em detalhes. Está aqui.
Sob o vão do viaduto, um pequeno redemoinho de vento surgiu, levitando folhas e sujeira, ignorei, não sou boa amiga do vento. Segundos depois meu olhar foi atraído para um carro que descia a avenida por onde eu subiria em poucos passos, mas não um carro qualquer, era um carrinho de supermercado. Vinha empurrado por um rapaz maltrapilho que se ria enquanto dirigia, e ria pra ela. Uma moça também maltrapilha que, dentro do carrinho, sentada de pernas cruzadas, também ria pra ele e mordia uma maçã. Eles riam muito, um para o outro e ambos para o todo. Debochavam da vida, eram os donos da avenida. Qual carro seria melhor do que o deles ali? Qual maçã seria mais gostosa que a dela naquela hora? Qual amor, seja qual for, seria mais real e Real do que aquele que espetaculavam diante de mim? Eles não careciam de mais nada. E eu, que de carência transbordava, também não quis mais nada. 

Fotografia (O negativo)
🎞️

Fotografei com os olhos e, há quase exatos 14 anos, guardo o negativo na alma. Chamo assim, porque lembro de todos os detalhes como uma imagem congelada, de cor sépia, os movimentos são secundários, são elementos de uma essência vital que permanece, em cada quadro daquela imagem. 
De tempos em tempos, entro no meu Laboratório Verbomágico e procuro ferramentas humanas para revelar o sublime, missão quase impossível. Enfim agora, nas últimas duas semanas, alcancei a essência que faltava. E finalmente pude escrever o quê e como vi. 

De Porto Alegre, final de setembro/2010 até Garopaba, início de setembro/2024. 

Coragem

Cor age na margem 
Da imagem 
Corando o fim da tarde
Cor torna adeus
À tua silhueta,
Morro distante.
E morro distante 
Da tua voragem.

Tivesse eu, teu colo(r)ido,
Morreria sem dor,
Viveria tua cor
Teu cume,
Meu precipício.
Cor parte 
Minha”alma covarde,
Sem suspiro,
Sem adeus,
Cortina de breu.
Te perco,
Morro distante,
Na noite.
Me perco,
E morro distante,
Esta noite.

Tivesse eu, teu colo(r)ido,
Morreria sem dor,
Viveria tua cor
Teu cume,
Meu precipício.
Cortejava 
O início da noite,
Meu leito, tua margem.
Tua alteza,
Coroa(agem) 
Minh’alma liberta.
Cor parte, 
Corpulenta miragem.
Corpo meu,
Corpo teu,
Morro constante,
E morro tua amante. 


Tela: O que os olhos não vêem, o coração não sente - de Amanaci Guilardi  







Postagem Teste



 TestAndo

Linhas e curvas e formas disformes...

Palavras soltas à folha que já foi árvore ao vento dálguma floresta. 

Inspiração numa manhã segundeira de pensamentos aéreos em aula de tecnologia.

Já testei lápis e papel e arte da escrita à mão, engaveitei brisas com canto de pássaros.

Voltei aqui só para testar e deu até vontade de continuAção. 

Soltar os ventos guardados e deixar que soprem essas páginas blogueiras.

Anos e anos... atualizAndo. 


Se essa história fosse minha

Se essa história, se essa história fosse minha,
Eu mandava, eu mandava fabular;
Com tantas linhas e letrinhas de brilhantes,
Para o meu tão grande amor romancear.
Nessa história – e que história! – tem um bosque,
Que se chama... não, chamava, solidão;
Neste bosque, hoje em dia é que tem anjos,
Eles guardam e me alegram o coração.
Seeu Te entreguei, meu Amor, meu coração,
É porque, é porque me queres bem;
Te dei minh’alma, pra fazer nova canção
E me ensinares a querer a Ti também!

Se uma história é para ser escrita ou vivida, quem é que sabe?
Se ela é pra ser vivida e depois escrevida...
Se crês, vida eterna encontrarás e tuas linhas serão retas.
Não mais entortarás;
Entrega o teu rascunho para Aquele que faz só obra prima.
Deixe os manuscritos cheios de garranchos e erros de sintaxe (os ortográficos nem são tão graves) para O calígrafo de melhor destra com estilística perfeita;

Se essa história fosse minha... eu não mandava... eu me entregava pra valer!

Paisagem

ou tô no céu claro
ou tô no ventinho suave
ou tô no chão de folhas secas
ou tô no visual melancólico
ou tô no chuvisqueiro em dia de sol
ou tô no casaquinho de linho ou de lã
ou tô no chimarrão ao fim da tarde
ou tô no fim de tarde de outono.

Céu claro
ventinho suave
chão de folhas secas
visual melancólico
chuvisqueiro em dia de sol
casaquinho de linho ou de lã
chimarrão ao fim da tarde
fim de tarde de outono
ou tô no início do
outono
ou
no
fim do verão.

Procuro-me

Vendo ourooooo;
compro retalhos coloridos, troco figurinhas pintadas à mão
e dou batidas do meu coração;
aceito olhares brilhantes de presente.

Faço flerte;
Concerto ao ar livre, traduzo beijos "linguísticos"
e desbloqueio aparelhos cardíacos;
quebro galhos secos para fogueiras à noite.

Diária(mente);
lavo, passeio, cozinho, danço com a vassoura
e o luxo, como o lixo, jogo fora;
diarista dia-mista dia-a-dia diamante... faxinante.

caixeira-viajante;
levo sonhos, entrego olhares, encomendo futuros imaginários
conto causos, carneirinhos e as estrelas
sei ler, escrever e fazer de conta.

menina-mulher sonhando ser mãe;
remendo feridas e prego botões,
pinto bolinhas de sabão
semeio o trigo que cheira a pão (com manteiga)!


NOTA: Hoje, 09/02/2012, "desengavetei" meio ao caso este texto que comecei a pouco mais de um ano, faltavam as duas últimas estrofes e parte da terceira, quer dizer, fiz metade em cada ano. Existe, porém uma grande diferença entre estes dois momentos: a existência de Deus na minha vida.
Lá em 2011 eu nem morava em Garopaba ainda, acabara de viver uma grande decepção e buscava a mim mesma, estes versos significavam socorro; aqui em 2012, estou vivendo as vitórias que o Pai me prometeu quando entreguei meu coração a Ele e mesmo que em meio a uma potencial decepção, sigo forte (Nele) e focada na Grande Vitória, então estes versos passam a significar uma essência de ser eu apenas uma sonhadora e arteira... só um pouco de mim para RECOMEÇAR!


NA FASE DO IR: indo!

O corpo

Meu corpo dança o teu corpo dança o meu assim dançamos tantos corpos que dançam os nossos.

dançar(mo-nos)

O som do teu corpo vibra no meu e assim vibramos o mundo aos passos do dançar a vida que dança conosco o ritmo da respiração.

respira o corpo - inspira~expira

Inspirado espiral do teu corpo no meu e tantos corpos no teu, são teus e são meus, os nossos tantos corpos que se chocam e absorvem e colidem e coagem e pausa e... viagem.

Joga no meu os corpos do teu e toma o meu corpo para a tua dança e me deixa sentir-te desde criança a alma do teu corpo e as almas do teu espiral e sejamos dois com tantos nesta dança espiritual.

Dancemos ao som mudo mundo e seus barulhos, seus ruídos e quando essa música e a dança acabarem, terei amado o meu corpo que terá amado os teus.

Vindos